sábado, 18 de junho de 2011

Chapada Diamantina - Parte III


Circuito Mixila x Vinte Um

      Terceira parte da aventura solo pela Chapada Diamantina, realizada entre os dias 7 de janeiro e 10 de fevereiro de 2011. A navegação pelas trilhas foi feita utilizando apenas o mapa “trilhas e caminhos” e bússola. 

Dia 16: Cachoeira do Sossego.


      No dia anterior o tempo havia fechado, e desde então a ameaça de chuva era uma constante. Essa manhã não foi diferente, amanheceu com chuva fina e grande nebulosidade. Ainda assim, preparei tudo para a trilha, e um pouco mais tarde o sol apareceu. Mais uma vez, fui perguntando até encontrar o início da trilha. Por volta de 10h iniciei a caminhada, que tem sua parte inicial calçada por pedras e ladeada por cercas. No caminho passei por um quiosque, onde peguei mais algumas informações. Continuando “reto” pela trilha, chega-se ao Ribeirão do Meio, para ir para o Sossego deve-se pegar uma bifurcação a direita. Após tomar a direita e andar uns 3mim, resolvi voltar e conhecer o Ribeirão do Meio primeiro. Quando cheguei na bifurcação novamente, tinha uma mulher urinando exatamente na bifurcação, isso me deixou irritado, não custava nada andar uns 10m pra fora da trilha, evitando o mal cheiro naquele ponto, além do constrangimento.

      As 10:30h já estava no Ribeirão do Meio, é um lugar agradável, com um “escorrega” natural e um poço de tamanho razoável. Por ser perto, tem elementos “farofísticos”, como tiozinhos vendendo “churrasquim de gato” e cerveja. Bati algumas fotos e já segui em direção a Sossego. Como não queria voltar até a bifurcação, segui uma trilha “alternativa” na direção que eu desejava. Essa primeira parte da trilha é mais afastada do rio e em alguns trechos é possível ver grande parte do vale. Depois de 40mim por essa trilha, cheguei numa barraquinha abandonada na margem do rio, a partir daí segui alternando entre pula-pedras e trilhas nas margens, ora pela direita ora pela esquerda. O leito do rio tem muitas pedras grandes, facilitando assim andar pelo mesmo. O curioso é que algumas dessas pedras possuem furos circulares na horizontal, atravessando de um lado para o outro. Em um dos trechos, na margem esquerda, tem uma bifurcação de onde sai uma trilha perpendicular ao rio, fiquei curioso quanto a trilha mas segui em frente. Essa parte é bem íngreme e deve-se ficar atento ao ponto de voltar ao rio, já que a trilha segue direto. Mais a frente as margens se inclinam ainda mais, tornando-se paredões que dão início a um canyon, essa parte final é a mais bonita, já que os paredões são estratificados e com a vegetação saindo pelas fendas.

Escorrega, no Ribeirão do Meio.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Chapada Diamantina - Parte II

Travessia Mucugê x Igatu x Andaraí

      Segunda parte da aventura solo pela Chapada Diamantina, realizada entre os dias 7 de janeiro e 10 de fevereiro de 2011. A navegação das trilhas foi feita utilizando apenas o mapa “trilhas e caminhos” e bússola. 

Dia 9: De volta a Mucugê.

      Domingo pela manhã fui até a praça de cidade, onde acontecia a famosa Feira de Cascavel, tomei um delicioso café da manhã, com pastéis e caldo de cana fresquinhos. Depois disso, fiquei andando pela feira até o horário do ônibus, vi algumas coisas curiosas, como a forma que eles vendem carnes, como se estivessem vendendo roupas ou frutas, espalhadas e penduradas pela barraca.

Feira em Cascavel.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Chapada Diamantina - Parte I


 Circuito Fumacinha + Cachoeira do Buracão 


   Relato de uma aventura solo pela Chapada Diamantina, realizada entre os dias 7 de janeiro e 10 de fevereiro de 2011. A idéia era realizar as principais trilhas da região, sem me preocupar com os lugares periféricos. Para isso, comecei em Ibicoara, no sul da chapada, e passei por Mucugê, Igatu, Andaraí, Lençóis e Vale do Capão. A logística foi toda realizada via ônibus, o que me fez perder muito tempo devido as baldeações e aos poucos horários disponíveis. A navegação das trilhas foi feita utilizando apenas o mapa “trilhas e caminhos” e bússola. Quanto a hospedagem e alimentação, foi a mais simples possível, sem nenhum luxo.


     Para ficar mais organizado, dividi o relato em 5 partes. Essa primeira parte inclui a chegada a Chapada e as trilhas realizadas em Ibicoara.

     Dia 0 - 1: Chegada em Salvador

     Comecei a trip a partir de Ibatiba-ES, de onde peguei um ônibus pra Vitória-ES, por volta de 13:50h, e de lá para Salvador-BA, às 18h, chegando em Salvador no dia seguinte a tarde. Havia adiado o início da viagem em 1 dia, e por isso, conferido a disponibilidade de ônibus para Salvador, no entanto, não tinha conferido a linha Salvador X Mucugè. Chegando lá descobri não tinha ônibus para Mucugê no mesmo dia, pois nesse dia específico o horário era diferente, então tive que esperar até o dia seguinte e pegar o ônibus de 9:30h. Saí a procura de hotéis, e consegui uma pernoite por 20,00 num suposto hotel, que na verdade era um motel, próximo à rodoviária.

     Dia 2: Passando em Mucugê

     Cheguei em Mucugê já bem tarde, por volta de 17:50h, e como não havia ônibus para Ibicoara, pernoitei mais uma noite. A noite teve uma festa folclórica chamada “Folia de Reis”, com banda e pessoas fantasiadas. Fiquei no hotel do Sr Gordinho, que é bem simples, e custou apenas 10,00. 

     Dia 3: Enfim, Ibicoara

     No dia seguinte, por falta de opção, peguei um ônibus que passaria apenas no trevo de Ibicoara, e de lá fui de carona até a cidade, onde cheguei por volta de 10:30h. Fui direto a agência de turismo, mas me disseram que todos os passeios já tinham saído. Dessa forma, iria perder mais um dia, já que a Cachoeira do Buração é bem distante e é obrigatório o acompanhamento de um guia. 

Carona para Ibicoara.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Travessia Sete Picos do Caparaó


         Como tive férias na última semana de julho (de 2010), fui visitar meus pais na cidade de Ibatiba, sul do Espírito Santo. Aproveitei a oportunidade para realizar uma travessia que eu estava de olho há muito tempo, fruto de uma análise detalhada da região e com caráter exploratório. A travessia inicia-se no vilarejo de São João do Príncipe (ES), ao norte do Caparaó, passa por todos os principais picos da região (Tesouro, Tesourinho, Cruz do Nego, Pedra Roxa, Bandeira, Calçado e Cristal), e em lugares pouco conhecidos como a casa de pedra do arrozal e o Curral, finalizando em Alto Caparaó. Desses sete picos, seis (exceto o Calçado) são reconhecidos pelo IBGE e estão entre os 14 mais “altos” do Brasil, exceto pelo Tesourinho, que é 21.

        Antes de sair de casa, meu irmão disse que havia um casal de onças pardas na região, que inclusive, tinham pego um cachorro na semana anterior. E pra finalizar, contou algumas histórias de pessoas picadas por cobras, com destaque para a que a vítima chegou no hospital com os olhos, dentes e nariz sangrando. Vlw mano!! Era tudo que eu precisava!

         Como o inicio da trilha fica a uns 50km de Ibatiba, meu irmão me levou de moto até lá. Foi bem tenso andar de moto com a cargueira, principalmente em subidas íngremes. Já cheguei com uma perna e um braço doloridos pelo esforço de me manter sobre a moto. No vilarejo, enquanto íamos para o inicio da trilha, meu irmão perguntou a 3 moradores locais se era possível chegar ao pico da Bandeira a partir dali, todos disseram que não, o último completou enquanto ria: “só se for voando”, essa parte foi ótima, meu irmão me olhou com uma cara de “cê é doido?!!”. Nos despedimos, ele voltou para Ibatiba e eu segui minha empreitada "suicida".

Dia 1: A exaustiva subida.

        Após uma cuidadosa análise à carta topográfica, as 11:35h iniciei a pernada, passei por um riacho que cruzava estrada e segui subindo ao fim das lavouras de café. Enquanto subia vi pegadas recentes, provavelmente de um grupo que subiu ao pico no fim de semana. Mais acima passei debaixo de uma pedra curiosa que parecia até uma laje, e logo a frente havia um belo pé de limão, no qual peguei 3 limões. A esquerda havia uma mata rala com árvores e samambaias, nesse ponto ouvi o barulho de algo se movendo no mato. Parei e tentei ver o que era, pelas frestas vi um animal de médio porte andando pelo mato, mas não consegui ver direito. Como não sabia o que era, peguei o facão e passei bem atento.


Laje de pedra.


domingo, 5 de junho de 2011

Travessia Travessão x Lagoa Dourada


         Como estava planejado fazer essa travessia há um bom tempo, já tinha reunido as informações e lido alguns relatos. Depois disso fiz a minha tradicional “lista de camping”, que contém tudo que devo levar. Arrumei a mochila e deixei tudo preparado para fazer a travessia na primeira oportunidade que surgisse. Passaram dois fins de semana e eu não consegui ir por motivos diversos. Então decidi que do feriado não passaria. Como o feriado era de 4 dias (1 a 4 de abril de 2010), resolvi alterar um pouco o roteiro, e incluir dois trechos que já estava querendo conhecer há algum tempo. 

        O primeiro trecho era chegar até o travessão passando por dentro do cânion, ao invés do caminho tradicional. Porem, passando só por dentro do canyon eu deveria passar pela portaria do parque, e não sei se deixariam eu entrar com o mochilão (acho que não). Então resolvi fazer um caminho que conhecia, que é muito bonito, iniciando na trilha dos escravos, indo até a cachoeira Congonhas, de onde se desce pelas pedras do rio até a cachoeira gavião, já dentro do canyon. A partir daí é só seguir a trilha até a cachoeira do Tombador, finalizando a parte fácil. Depois disso tem o trecho de mata fechada sem trilha até o travessão, onde seria o primeiro pernoite. O outro trecho que incluí é um ataque a cachoeira Fantasma, logo no início do segundo dia. A partir daí, tudo seria como numa travessia tradicional.

Uma semana ates do início da travessia, estava em uma festa no campus e encontrei um amigo que não via há algum tempo. Comentei com ele e que iria fazer a travessia sozinho. Ele logo animou e disse que chamaria um amigo que também gostava de trilhas. Quando foi na terça-feira da semana seguinte, ele me mandou um e-mail dizendo que não poderia mas que seu amigo(Alex) estava animado. Peguei o contado do Alex e acertamos os detalhes, expliquei para ele o roteiro e as dificuldades da trilha. Tudo certo, sairíamos na quinta bem cedo.

          Na quinta-feira, por volta de 6:30h peguei o Alex no anel rodoviário e segui em direção à serra do cipó, chegando lá às 8:00h. Como não queria perder tempo, apenas encostei o meu carro em frente ao camping Véu de Noiva e deixei lá.

Dia 1: Da trilha dos escravos até quase o travessão.

Ás 8:20h iniciamos a subida da trilha dos escravos. O tempo estava nublado, ameaçando chover. Chover seria algo ruim nessas circunstâncias, pois desceríamos um trecho sobre pedras bem próximo ao rio. A trilha dos escravos é bem curta e com poucos minutos já estávamos no platô acima da cachoeira Véu de Noiva, nesse local existe algumas chácaras. Nesse trecho, tivemos um pequeno contra tempo, pois tentamos contar caminho, o que não deu muito certo. Melhor mesmo é simplesmente seguir a trilha principal e depois a estrada. Quase no final da estrada inicia-se a trilha subindo a serra à esquerda, passando por um ponto d’agua e ladeando o morro. Após vencer a primeira subida chega-se em um belo vale, com um rochoso a esquerda nos observando. Depois de mais duas subidas iniciamos uma descida suave a esquerda, paralelo ao canyon. Foi nessa hora que começou a chover e a trilha se transformou em pequenas corredeiras. Por volta de 11:30h chegamos a cachoeira Congonhas do meio e a chuva já tinha parado. Alex resolveu nadar, eu achei que estava frio demais para isso. 

Trilha dos escravos.